PROJETO TEMPLÁRIO UM GOVERNO NO MUNDO - SINARQUIA


 A única forma de governo permanente viável, a da Sinarquia, que havia sido instituída foi por Rama 7400 anos antes de Cristo, quando fundou um império universal asiático-europeu que durou três mil e quinhentos anos.

Todos os livros são consagrados à pesquisa histórica dos princípios sobre os quais devem apoiar-se as instituições dos Estados para que eles possam subsistir, continuando a fazer progredir a civilização em uma atmosfera de paz e de justiça.

Os ensinamentos da História como resultados sintéticos de experiências efetuadas no grande laboratório humano constituído pelas nações do mundo inteiro.

Se um teórico – como Jean-Jacques Rousseau, por exemplo – formula ideias que não são verificadas pelo laboratório, Saint-Yves as rejeita a priori.

Se elas são, ao contrário, verificadas, encontram-se necessariamente incorporadas à História do mundo fazendo, a partir daquele momento, parte da evolução da humanidade.

Elas constituem, então, um fato social, que um historiador deve considerar em suas exposições do passado e em suas previsões do futuro.

O ensino oficial das Universidades modernas limita-se praticamente ao período de mil e quinhentos anos, começando a partir da fundação de Roma e estendendo-se aos nossos dias.

Há para tanto razões outras além da ignorância oficial, apesar de esta última desempenhar um papel de destaque. Vamos tentar esmiuçá-las um pouco mais a fundo.

Esperando, evidentemente, que esse período de dois mil e quinhentos anos, seja absolutamente insuficiente para tirar do laboratório político mundial conclusões válidas para numerosos séculos.

A ciência oficial admite, entretanto, que tenham existido continentes como a Atlântida, tragados por sismos cósmicos.

Qual foi a sua civilização? Nada prova que ela não tenha sido mais avançada do que a nossa.

Que lição de sociologia contêm os livros sagrados de todos os países, e em particular os capítulos herméticos da Gênese e do Apocalipse?

Sobre que princípios e por que homens foram fundadas as antiquissimas civilizações chinesas, egípcias e hindu, que desempenharam e ainda desempenham um grande papel na História?

Quais foram as origens e a evolução da raça vermelha, hoje residual?

Que se passa por detrás do véu dos templos da Ásia central?

Seria necessário possuir um mínimo de noções sumárias sobre todos estes problemas para permitir-se falar do futuro.

Para tanto, faz-se necessário remontar o curso da História durante numerosos milênios.

É a partir desta conclusão que todas as formas de governo atualmente existentes na terra deixaram de ser viáveis.

A partir de Jesus o Cristo, em particular, não pode mais haver repúblicas estáveis, porque as repúblicas estão baseadas em formas variáveis de escravidão, que a consciência pública não admite mais.

Da mesma forma, não pode haver monarquias e ditaduras estáveis, porque elas se baseiam no direito de vida e de morte de que dispõe o soberano ou o ditador, princípio que a humanidade não admite mais, pelo menos no mundo ocidental da raça branca.

Uma única forma de governo permanente viável, a da Sinarquia, que havia sido instituída por Rama 7400 anos antes de Cristo, quando fundou um império universal asiático-europeu que durou três mil e quinhentos anos.

Definição em uma linha: Etimologicamente, Sinarquia significa governo com princípios.

Neste sentido, o termo se opõe a todos os governos contemporâneos que funcionam em Anarquia, isto é, sem princípios. Os ambiciosos mais astuciosos ou os mais fortes apoderam-se do poder, se necessário servindo-se do sufrágio universal como anteparo, mas desprezando-o quase que abertamente nas discussões secretas das quais dependerá a sorte da nação.

Definição em três linhas: A Sinarquia é uma forma de governo onde os homens que dispõem do Poder estão subordinados àqueles que dispõem da Autoridade.

A Autoridade pertence, por natureza, ao Corpo Docente reunindo todas as instituições do país que professam o ensino, desde as escolas de ofícios até as ordens religiosas e ao exército, passando pelos colégios e pelas universidades. 

O corpo docente é personificado por um Chefe, um Grande Educador, que portava em outros tempos o título de Soberano Pontífice, mas que poderia também ser laico, se esse laico fosse designado pelo Corpo Docente a partir dos seus méritos. O chefe do governo executivo, assim como todos os funcionários, é escolhido através de exames pelos júris ou corpos docentes apropriados. Eles são inclusive destituíveis. Ninguém pode, portanto, abusar do poder nem apoderar-se dele pela astúcia ou pela violência sem destruir a Sinarquia. O Grande Educador baseia sua autoridade exclusivamente na sua ciência e no respeito geral. O Chefe do Governo dispõe da polícia e das forças armadas para executar sua missão de poder político, permanecendo, no entanto, subordinado a uma autoridade.

Em Sinarquia a Autoridade é correlata da Sabedoria, é tacitamente aceite pela comunidade dos cidadãos e detida por aqueles que conseguiram vivenciar o Saber transformando-o em Conhecimento, em Iluminação.

O Poder é exercido de acordo com as aptidões específicas de cada um, decorre da capacidade de levar a cabo determinada tarefa. à Autoridade competirá traçar princípios gerais, vectores de orientação que, à luz da Sabedoria Divina, conduzam às mais elevadas realizações.

Ao Poder caberá o papel sumamente importante de executar tudo isso, face às coordenadas objetivas do momento. Em Sinarquia, Autoridade e Poder surgem representados por órgãos distintos. Aqui reside o segredo de uma sociedade perfeita.

Definição em doze linhas: A Sinarquia é uma fórmula de governo trinitária, onde as três funções essenciais da atividade coletiva das Sociedades, Ensino, Justiça e Economia, são representadas de uma maneira que lhes permite funcionar harmoniosamente. Para isto, existem três Câmaras Sociais e não políticas, eleitas profissionalmente por sufrágio universal. Apenas elas são encarregadas da preparação das leis. A essas três Câmaras correspondem três corpos políticos encarregados de promulgar e de aplicar as leis preparadas com mandato imperativo pelas três Câmaras Sociais. Os corpos políticos só podem promulgar leis preparadas anteriormente por essas Câmaras Sociais e por elas formuladas através de votos.

Mas os aproveitadores do poder tomam todo o cuidado para não espalhar noções desse tipo.

Eles calam os grandes pensadores seja pela calúnia, seja por uma conspiração do silêncio, que constituem um verdadeiro assassinato intelectual.

Se, ainda assim, um importuno chega a espalhar a sua doutrina, os incomodados frequentemente recorreram ao assassinato físico.

Os dois primeiros sistemas foram suficientes para fazer com que o grande público o ignorasse por sessenta anos. Entretanto, ele foi recebido por diferentes chefes de Estado estrangeiros e apresentou também sua doutrina ao Governo francês e às câmaras eletivas. Para tanto ele seguiu a via oficial e buscou o apoio de dois votos provindos de certo número de sindicatos e de homens eminentes do seu tempo.

Logo em seguida a uma eleição política por sufrágio universal, os eleitores percebem que o eleito se volta contra eles, passando a ocupar-se de seus próprios interesses. 

O voto, em si, é um verdadeiro ato de divórcio, pelo qual o eleitor se separa da sua autoridade.

Quanto ao resultado do divórcio, citarei aqui apenas um exemplo: os cidadãos governados querem uma moeda estável e economias na administração do Estado. 

Os eleitos querem uma moeda fraca, o que constitui um procedimento cômodo para pilhar os governados.

Eles desejam igualmente que as despesas públicas sejam tão elevadas quanto possível, pois dispõem assim do favoritismo que lhes permite fazer fortuna, se reelegerem e obterem sinecuras honoríficas regiamente pagas. 

É por isto que os orçamentos dos Estados modernos se incham sem cessar e fazem aparecer a soma dos interesses particulares como constituindo o contrário do interesse geral.

Certas assembléias políticas não passam de corridas de apetites ao assalto de um poder e de um orçamento fracamente defendidos por um Presidente do Conselho constantemente ameaçado de ser substituido.

Esse estado de coisas só pode ser corrigido por uma inversão dos princípios, um “arrependimento” que conduza à instauração das Sinarquias nacionais e internacionais.

A questão é tão vasta, e o desencadeamento das paixões que se opõem a uma solução, tão ameaçador, que muitos se desencorajam.

Outros se voltam para esperanças de federação internacional.

 Ora, esta fórmula não tem a sanção da História.

Ela representa uma demagogia anárquica, onde as unidades são nações, e a ausência de princípios integradores a conduz à ruína.

Evoco como testemunho apenas a “Liga das Nações”, criada após a guerra de 1914.

O arquétipo social de uma civilização mundial é hierarquizado, com a separação da Autoridade Moral e do Poder Político. As formas demagógicas não são viáveis.

Na obscuridade em que nos debatemos e onde apenas uma restrita minoria possui a visão das forças evolutivas, uma luz pode, no entanto, nos guiar.

Podemos observar que a Suíça é um protótipo de Sociedade perfeitamente unida e viável, associando os elementos étnicos de três países de língua diferente, e dando ao mundo, há vários séculos, o exemplo de uma atividade internacional de boa qualidade.

Seria possível extrapolar uma Sociedade como esta em escala européia?

Sim, mas que seria necessário começar por unir os interesses econômicos divergentes das nações interessadas.

Com o tempo, a paciência, um pouco de sabedoria humana e muita ajuda de Deus, veremos despontar o dia em que os doutores Tanto-Melhor terão triunfado sobre os doutores Tanto-Pior.

O sistema sinárquico não visa uma estrutura eclética, o que seria cair na social-democracia.

O que o sistema sinárquico deseja é realizar a síntese daqueles dois sistemas, expurgando-os de suas parcialidades antagônicas.

Justamente por realizar essa conciliação, a Sinarquia não é nem liberal nem libertadora, mas profundamente libertária.

O liberalismo assenta-se na ficção: povo, o socialismo, ao contrário, admite como fundamento outra ficção: a sociedade.

A Sinarquia conciliando o que há de positivo nessas duas ficções (povo e sociedade) assenta-se na realidade positiva: homens.

No liberalismo a economia não está organizada; desenvolve-se fácil e iniquamente.

No socialismo, ao contrário, a economia é dirigida pelo Estado.

As consequências são desastrosas: no liberalismo o produto de todo o trabalho pertence a um pequeno grupo de homens (poucos têm); no socialismo, ao contrário, o produto de todo trabalho pertence ao Estado (ninguém tem).

Na Sinarquia, sendo a economia regulada pelas necessidades, o produto do trabalho pertence a quem o produz (todos têm).

No liberalismo, o trabalhador trabalha enquanto vive; no socialismo, o trabalhador trabalha enquanto pode; na Sinarquia, o trabalhador trabalha enquanto precisa.

É, como se vê claramente, a necessidade determinando, consequentemente, uma série de modificações não só na estrutura do liberalismo como na do socialismo. É fácil aponta-las.

No liberalismo por exemplo, há patrões, intermediários e juros.

No socialismo o Estado exerce o papel de patrão e intermediário.

Na Sinarquia não há patrão, nem intermediário, nem juros.

No liberalismo, o Banco pertence ao Estado, cobra juros negociando com a moeda como mercadoria.

Na Sinarquia o Banco pertence aos trabalhadores, não cobra juros e é o regulador do crédito.

Urge colocar,  aqui,  a  seguinte  questão:  Saberiam  os  Templários  da  existência  de qualquer  regime  sinárquico  antecedente,  norteador  do  seu  ambicioso  projeto social?

A tentativa de implementação de uma Res-Publica planetária foi sendo reiterada ao longo dos tempos, por alguns raros iluminados, infelizmente votada ao insucesso, devido ao antagonismo das poderosas “forças cesaristas”.

Os Templários colheram muita informação no Médio Oriente, no seu contato com corporações iniciáticas, as do Assassis, dos Sufis e outras, que detinham segmentos da  Tradição  transmitidos  por  via  oral  e  escrita.  

Na  Ocitânia  conviviam,  como vimos, “em regime de total tolerância, próprio do Al-Andulus muçulmanos, judeus, arianos, cristãos e cátaros”. Por outro lado, o grande inspirador e impulsionador da  Obra  Templária,  S.  Bernardo  de  Claraval  (o  que  lhe  deu  o  “claro  aval”) mantinha uma sólida amizade fraternal com S. Malaquias, o “druida”, ou melhor, o irlandês  Meal O’Morgain,  homem  profundamente  mergulhado  nos  mistérios  e vidências célticas, que acabou feito bispo por Roma e legado do Pontífice. 

Os  Templários  conheceriam  a  Tradição  Ramânica,  o portentoso  Ciclo de  Ram  ou Império Universal de Carneiro. As tradições zoroastrianas e o “Ramayana” primitivo contêm a memória indelével do poder e do génio deste condutor de povos, que se envolve como um herói lendário. 

Ram, homem de grande saber, instruído nos escaninhos mais secretos da sabedoria druídica, desgostoso com a decadência instituída pelo colégio das  druidezas  na  sociedade  céltica,  incitadas  por  políticos  ambiciosos  e  druidas pusilânimes, após um tempo de reflexão sobre as calamidades públicas, confronta-se com  um  dilema:  ou  arrisca  uma  guerra  civil  ou  prefere  o  exílio.  Escolhe  o  exílio. Reúne  os  clãs  que lhe  são  fiéis  e  parte  do Ocidente da  Europa  à  conquista  do mundo.

Ergue  o  Pendão  de  Carneiro  (“Ram”significa carneiro)  a  que  se  juntam outros clãs aguerridos sob os totens do Coelho, da Águia e outros. À medida que avança pela Europa, pela Ásia Menor e pela Ásia em geral, organiza as  grandes  circunscrições  e  países  conquistados  com  as  matrizes  administrativas sinárquicas.  

Em  primeiro  lugar, descentraliza  todos  os Reinos. 

Organiza  a  vida comunal das províncias  em  unidades,  as  vilas (vic)  e  os  cantões  (jantu).  Resolve, então, implementar os três poderes sociais, os três Conselhos, como representação no Império, da Economia, da Justiça e da Ciência .- O Conselho Económico era constituído pela Assembleia dos Anciãos, desde as comunas até às grandes circunscrições. - O  Conselho  da  Justiça  formava  uma  verdadeira  Corte  de  Apelo,  que controlava todos os delegados. Este Conselho conferia aos soberanos seus poderes como Reis de Justiça. 

Reis depois consagrados pelos sábios, sendo assim confirmados pela Autoridade. - O  Conselho  de  Ensinamento  era  constituído  pelos  que  detinham  o Conhecimento: na altura, o sacerdócio oficial, mas também, os mais altos iniciados laicos. Ram determinou magistralmente as formas de organização social, deste modo: Forma republicana - Aplicada às províncias, comunas e cantões; Monarquia Real - Com os poderes da Justiça; Monarquia Imperial - Com o Governo geral do Império; Forma Teocrática - Controlo supremo do conjunto pelo Soberano Pontífice.

Uma  análise suficientemente  exaustiva  da  estrutura  deste  Império  conduz-nos  aos dois postulados fulcrais da filosofia sinárquica: a rigorosa separação dos órgãos da Autoridade  e  do  Poder,  e  a  neutralidade,  diríamos,  a  independência  das  Três Ordens Sociais do poder político. 

A Sinarquia céltica, ou ariana, de Ram, manteve-se durante 35 séculos. Desde sete mil anos até aos quatro mil anos a.C., germinaram outras sinarquias, à sua imagem e semelhança, estáveis e duradouras. Assim floresceram a chinesa,de Fo-Hi e a de Israel.  

Segundo  Sainte-Yves d’Alveydre, não se revelaram, nestes  Impérios,  nem sectarismos,  nem  déspotas,  nem  revoluções,  nem  arbitrariedades  abusivas  de intolerância. 

A  prodigiosa  epopeia  de  Ram  foi  de  tal  modo  pletórica  em  sua  grandeza,  que ainda hoje muitas das suas metrópoles permanecem historicamente célebres como locais  de  culto: Nínive,  Baalbek,  Meca,  Tebas,  Mênfis, Delfos,  Nîmes,  Chartres, Huesca...  e  seu  rastro  idiomático mantém-se vivo  em  muitos  nominativos  e topónimos  de  numerosos  países  e  latitudes,  como  o  Irão,  de  I-Ram, Ramsés  (da dinastia faraónica), Py-Ramide (poder paternal de Ram), os Abramidas da Caldeia, Abramde Ur e Hiramde Tiro, Rammamah (trovão egípcio), e até, o Ramadam que, para os árabes, significa, exatamente ''Festa de Ram''. 

Mas “nada nasce do nada”, “Ex nihilo nihil”. Ram, ele mesmo, denominou o seu império de “Para-desa”, “Terra Divinizada”. Instruído nas câmaras mais ocultas do druidismo céltico, Ram não ignorava, por certo, a secreta tradição da Sinarquia de Agartha,  a  divina  Paradesha  manifesta  nas  aflorações  mitológicas  e  folclóricas, escritas e orais de todos os povos, de Ocidente a Oriente, desde a Asghardi dos tibetanos,  à  Ermedi  dos  mongóis,  à Hemâdri  (a  montanha  de ouro  dos  indús),  à Aryana-Vaejo  dos  iranianos,  à Canâa  dos  Hebreus.

Mas, ainda, se  quisermos,  ao El-Dorado (a  cidade  dos  tetos  de  prata cujo  rei  usa  vestes  de  ouro)  dos autótones brasileiros, ou o País de Tertres (a nação de Luz) e mesmo a deliciosa Belovedye do ciclo arturiano.

Assegurada  a  plena  liberdade  de  ação  e  o  beneplácito  papal,  através  da  Bula “Omne  Datum  Optimum”, promulgada  por  Inocêncio II,  a,  licenciando-os  de toda  a  jurisdição  episcopal  e  da  sujeição  aos Reis de  cada  país,  reservada  sua obediência  exclusiva  ao  Papado,  a  Autoridade  Universal  aceite  na  época,  os Templários  lançam-se  na  formidável  empresa  ecuménica  do  desenvolvimento embrionário das Três Ordens matriciais da Sinarquia. 

Sabiam  que  teriam  de  confrontar-se  com  uma  realidade  política  e  sociológica generalizada de cariz feudal, por vezes muito poderosa, e que, aos olhos de muitos interesses  instalados,  deveriam  travar  uma  luta  árdua e  paciente  por  um  ideal  a todos os títulos revolucionário e fraturante.

Apesar  da  profusa  publicação  de  centenas  de  obras  dedicadas  aos  Cavaleiros  do Templo,  a  noção  que  existe  acerca  da  milícia  é  bastante  vaga  e  redutora, quer quanto ao seu poderio militar, quer quanto à sua expansão económica e domínio eclético dos conhecimentos que possuíam. 

Através de contatos com turcos, bizantinos, árabes, arménios, egípcios, ismaelitas e  mongóis,  acederam  às fontes  filosóficas  e  científicas  orientais  e  ocidentais, inclusive  as  clássicas  greco-latinas.  Confrontaram  a  sua  gnose  com  a  os  judeus cabalistas e heréticos esoteristas. 

Sondaram os segredos dos cristãos coptas, que se diziam  herdeiros  do  “Pai ou  Preste João”.  Enfim,  um  acervo  colossal  de conhecimentos heteróclitos fabulosos e enciclopédicos para o seu tempo. 

Na   Ordem   Económica,   promovem   a   circulação   fiduciária   e   praticam   a transferência  de  numerários,  substituindo,  quando  necessário,  a  moeda  metálica em  circulação,  por  papel  moeda.  Criam  um  sistema  bancário  com  depósitos  à ordem  e  cheques  rebatidos  em  todos  os  locais  em  que  dispunham  de  agências  e interpostos. Dada a sua probidade e solvência, o selo da Ordem aposto em simples pergaminho  constituía  um  garante  acima  de  todas  as  suspeitas.  

Introduzem  a prática da conta-corrente. Concedem empréstimos, sem juros, por contrários à Lei da Igreja. Tornam-se conselheiros dos grandes senhores feudais, administrando-lhes os seus bens e mesmo os tesouros dos Reis europeus, de que é exemplo o Rei de França. 

Em  breve, a  Milícia  do  Templo  dispunha  duma  riqueza  incalculável.  Recebem legados  da Igreja e  avultadas  doações  de  monarcas.  Adquirem  castelos  e latifúndios.  Dispondo  duma  vasta  frota  marítima,  com  base  no  porto  de  La Rochelle,  estabelecem  uma  extensa  rede  de  transações  comerciais, em  que  se inclui  seus  próprios  mercados,  e  donde  lhe  advêm  largos  benefícios,  tudo  isto numa época em que a economia se restringia a uma prática incipiente e primária, agrícola e ruralista, acompanhada por uma produção de tipo artesanal. 

A sua frota marítima cruza os mares conhecidos, em derrotas de cabotagem pela costa  atlântica  e  do  mediterrâneo,  procedendo  ao  transporte  de  tropas,  de peregrinos  e  mercadorias.  

Sabe-se,  hoje,  que  os  Templários  custodiavam,  em grande secretismo, um “refúgio” oculto nas Ilhas Canárias, livre de curiosidades espúrias,  fora  das  rotas  convencionais  de  navegação,  donde  terão  partido  para curiosas incursões pelo Atlântico. 

O contato dos Templários com outras gentes e a aportagem em portos exóticos, a aprendizagem dos sistemas de orientação utilizados pelos guias das caravanas dos desertos africanos  e  asiáticos,  os  dos  pilotos  que  navegavam  no  Índico,  a investigação   tenaz   dos   conhecimentos   científicos   e   geográficos do   mundo mediterrânico  e  do Ocidente instiga-os  à  aquisição  sistemática  da  aritmética,  da álgebra,  da  medicina,  da  química,  da  astronomia,  da  cartografia,  etc.,  etc.,  que conflui para futuras Ordens do Ensino e de Economia. 

Mas  as  transações  comerciais  e diplomáticas  implicariam  a  criação  de  todo  um dispositivo  normativo  de  regras  e  regimentos  na  jurisprudência templária,  um Direito comercial  ajustado  às  trocas  correntes,e  institucional, substitutivo  do incipiente Direito consuetudinário e das ordenações feudalistas.  Assim  se  foi instituindo o cimento duma Ordem da Justiça. 

Contudo, como o “segredo é a alma do negócio”,  passe  o  termo, e  a  fiabilidade  dos  investimentos  teria  de  ser salvaguardada,  assim  como  o  leque  de  informações  científicas,  económicas, estratégicas,  incluindo as  de  natureza  doutrinária, as  quais  poderiam,  até,  passar por  heréticas,  os  Templários  usavam,  segundo  Probst-Birabane  Maitrot  de  la Motte, uma linguagem diplomática (a linguagem dos pássaros?) cabalística para a transmissão das ordens emanadas da sede social da Milícia, onde reunia o Grande Conselho,  assegurando,  assim,  o  secretismo  de  instruções  que  não  deviam  ser confiadas em letra corrente.




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